segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Tenho no meu quarto estas duas pinturas em tela. Foram criadas por dois pequenos amigos que mas ofereceram num dia especial em que me visitaram aqui em casa. São eles a Mariana e o Manel, ou melhor, o ManUel porque é assim que gosta de nos corrigir quando descuidamos a pronúncia do U.
O Manuel e a Mariana são crianças muito especiais, que olham para o mundo à sua volta sempre com uma pergunta desconcertante, ou com uma observação que amplia o sentido das coisas...
Para eles eu sou o seu Haiti. E eles serão sempre a Mariana em quem reparei pela primeira vez só por causa dos sapatos vermelhos de verniz e com os quais correu, saltou obstáculos e brincou muito... tudo com uma energia que não ficava atrás dos outros que vinham equipados com os ténis do momento. A Mariana vai sempre encaixar no cenário do feiticeiro de Oz, onde eu carinhosamente a encaixei no meu imaginário. Fica-lhe tão bem esse mundo.
O Manuel é diferente! Perspicaz, decidido e inteligente. Mas igualmente carinhoso. Nunca me esqueço das missas semanais das quais não saía nunca sem antes se ter pendurado à volta do meu pescoço para me fazer perguntas nas quais eu nunca tinha pensado e quando as ouvia me parecia sempre um absurdo pensar que não poderiam ser feitas... O Manuel que pinta a Igreja dele sempre com uma luz muito forte no meio que ele diz, como tratando-se da coisa mais óbvia do mundo: não vês que é Jesus?
Há um tempo que não os vejo, mas hoje termino a minha noite a pensar neles, a olhar para as pinturas deles e sei que, daqui a pouco, vou rezar por eles.
Por eles e pelos pais deles, capazes de deixar crescer crianças tão fantásticas.
Boa noite.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Nambuangongo a 1000.

Já faz uma semana desde que voltámos de Angola. Vim sentado sozinho no avião, por isso tive muito tempo para deixar a minha cabeça voar um pouco (literalmente!). Quando as coisas ainda estão quentes a cabeça não pára de pensar em formas de fazer, em formas de chegar mais longe... E já sabem que a minha está sempre a mil! Agora aproxima-se uma nova etapa na minha formação, uma etapa da qual esta missão não é distinta, mas cada uma requer um tempo e uma disponibilidade próprias que preciso de não misturar. Porque uma e a outra são, no fundo, fruto de um encontro primeiro do qual tudo brota e no qual tudo sobrevive.
E é esse encontro que continua a pedir-me respostas que espero nunca deixar de dar. Crê, consente, recebe: assim escutei um dia...


Tuala Kumoxi.