sexta-feira, 25 de julho de 2008

Nambuangongo, outra vez!



«É Deus, que é amor, quem conduz a Igreja rumo às fronteiras da humanidade e quem chama os evangelizadores a beberem "da fonte primeira e originária que é Jesus Cristo, de cujo Coração trespassado brota o amor de Deus". Somente deste manancial se podem haurir a atenção, a ternura, a compaixão, o acolhimento, a disponibilidade e o interesse pelos problemas das pessoas, assim como aquelas outras virtudes necessárias para que os mensageiros do Evangelho deixem tudo e se dediquem completa e incondicionalmente a difundir no mundo o perfume da caridade de Cristo.» Papa Bento XVI na sua mensagem para o Dia Missionário Mundial 2008.


África mais uma vez! Parto para Angola no dia 29 de Julho para mais uma missão. e levo comigo estas palavras do Santo Padre que, tão bem, expressam as minhas motivações... O que poderia eu fazer, o que poderia eu levar? Nunca, por mais que esgotasse as minhas forças, conseguiria resolver todos os problemas desta gente que vou encontrar...
Há um projecto maior. Um projecto que pode não matar a fome física, que pode não trazer conhecimento académico, que pode não curar todas as doenças... Mas um projecto que joga com a vida num outro patamar. Um projecto de VIDA EM ABUNDÂNCIA. Uma Vida que se adentra na eternidade e relativiza e descobre o sentido das nossas limitações e dificuldades.
Não podemos alimentar equívocos acerca da rocha onde fundamos um projecto assim... Não podemos perder-nos em ilusões de um heroísmo vão... Tudo passa... Tudo o que não carrega a chama do Eterno passa...
...só o nome de Deus permanece.

Tuala Kumoxi!
(estamos juntos)

terça-feira, 1 de julho de 2008

Íntimo


«Dentro de mim há um poço muito fundo. E lá dentro está Deus. Às vezes consigo lá chegar. Mas acontece mais frequentemente haver pedras e cascalho no poço, e aí Deus está soterrado. Então é preciso desenterrá-lo. Imagino que há pessoas que rezam com os olhos apontados ao céu. Esses procuram Deus fora de si. Há igualmente pessoas que curvam profundamente a cabeça e a escondem nas mãos, penso que essas procuram Deus dentro de si.» 


Este texto é um excerto do Diário de Etty Hillesum, uma rapariga judia que aprendeu a ajoelhar, que experimentou a morte nos campos de concentração, uma rapariga que já adivinhava essa morte com muita antecedência. Este diário é o testemunho de que é possível encontrar um sentido e viver abundantemente quando em tudo e em todos à nossa volta vemos já espelhado o rosto inevitável da morte.
Eu sinto-me assim. Sinto-me o muro exterior de um poço muito mais profundo, mas que eu ainda estou a conhecer por dentro. Um poço habitado por mistérios e surpresas que ainda não estão ao alcance do meu conhecimento.
Mas, mesmo não lhe conhecendo o fundo, vão chegando à superfície ecos da sua profundidade e muitas vezes a água ondula ligeiramente mostrando que não está parada. O poço está, afinal, cheio de vida.
A vida fora do poço, aqueles a quem vai matando a sede, deixam adivinhar alguns frutos que brotam da água que dele sai... mas só entrando lá dentro, mergulhando cada dia um pouco mais fundo, lá onde está escuro, o poço é mesmo poço. Só lá no fundo eu sou mesmo eu. Porque lá habita Deus.